segunda-feira, 17 de janeiro de 2011


Senti-me invadida, percorreu-se-me pelas veias, infiltrou-se nas entranhas - felicidade! - o sangue já não o é, eu não sangro, o meu coração já não palpita, salta.

Isto, passou-se por três meras horas do meu longo dia, das longas vinte e quatro horas, uns insignificantes doze e meio por cento daquilo que poderia ser cem, se... Um "se" relativo. Poderei alguma vez, algum dia, sentir-me ínfima daquilo que não tenho, não completamente, não intensamente?

Tenho dois mundos, sou duas de mim, sou de extremos, sou tudo aquilo que abomino e sou eu! Paradoxo ou não, é inerente, é um nada à mente alheia. É o meu conflito pessoal, suponho que todos temos um, ou não. Não quero fazer de mim um Fernando Pessoa, queria mais um Alberto Caeiro, queria alguém que não olha ao passado, alguém que não pensa no futuro, alguém que no presente não se limita a ver a vida a passar e contemplá-la, quero vivê-la, como se não houvesse amanhã! Quero um carpe diem cheio de vitalidade e um karma mais que equilibrado. Quero um amor platónico e uma utopia. Tantos quereres para uma pessoa só, é egoísta da minha parte. Não quero. - Já me estou a contradizer, que ninguém repare. - Espero e desespero, que atonia. Também já me fartei, não quero, não isto, ninguém quer isto e não o desejo a ninguém.
Desculpa. Peço a quem, a mim ou... merda!
Acredito nos signos, sou balança com orgulho, tenho também escorpião pelo meio (fode-me o esquema todo, juro que fode), coincidência ou não, o horóscopo acerta sempre na mouche, as características são-me naturais, é como as estrelas. Esta noite, não há estrelas. Esta noite elas morreram e deve ser por isso - só pode ser por isso - que a minha noite está, naturalmente morta. (Não é.)

Matem essa nebulosidade que as estrelas da minha varanda, querem renascer. (Pronta para viver.)

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Mulher

Amo-te.
Porquê que me fizeste isto?
Odeio-te.
Quero-te esquecer!
Luta por mim.
Tenho saudades tuas.
Gosto de ti...
Adoro-te!
Tinha saudades tuas.
Amo-te.
Voltaste a fazer merda!
Odeio-te.

Ciclo vicioso.


Homem

?

Ciclo hormonal. Tem períodos...

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011


Calmantes
. Não deveria ela ter mais nada a dizer senão somente a sua incrível necessidade destes pequenos e milagrosos comprimidos para lhe reduzirem a sua ira, muito provável de uma extra carga hormonal. Quero lá eu saber - pior que uma grávida, pior que uma mulher na menopausa - deve estar. Dou por ela a perguntar-se qual a razão que a leva a gritar com tudo e com todos por tudo e por nada. Não há razão. Pessoas e coisas, irritam-na. Leu no horóscopo que este mês tinha de ter cuidado com o que diz. Terão acertado? Talvez... na mouche.
Insuportável, aquela mulher anda insuportável! Já nem passo pela mesma divisão que ela só com medo de que me mate, com os olhos! Por isso peço, calmantes! Dêem-lhe sono, não a deixem falar, por mim, até podia nem se mexer nos próximos meses, era da maneira que não comia e emagrecia, está um pouco fora de forma, mas nem nos meus sonhos mais próximos me atreveria a tocar nesse assunto, era decapitado (sim, eu tenho um pressentimento que ela ou me quer matar, ou já o anda a fazer, de alguma estranha forma mental, é amor). Eu preciso de paz, os meus cabelos já são brancos aos trinta e quatro anos e já não dão para tanta coisa, a minha vontade de me deitar ao lado dela... nem digo. Adoro acordar e olhá-la de soslaio (merda de paradoxo), mas só de soslaio... quando ela acorda, tem os mais bonitos lábios e olhos verdes, mas berra-me logo "o quê que estás a olhar!?" e aí eu penso "merda de mulher, é mesmo bonita!".
Eu não a suporto, mas no fundo, não sou nada sem ela. Ela, eu sei que quer os calmantes por mim... eu, sei que quero ela morta, viva, vegetal ou não, eu hei-de sempre querer ela.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011


Farta, farta de sentir esta ebulição, estou situada naquele ponto que necessito de me evaporar, estou quente e tudo menos estática. A minha vontade de liberdade é infinita.
Sangue borbulha-me pelas veias, os meus olhos encarnados transparecem a minha raiva e o meu desalento. Fazem-me ver a vida pelas costas. Costas, tão carregadas, tão marcadas... são tantas as cicatrizes, é tanta a dor. Não me perdoa, tu não me perdoas e eu não perdoo. Pudesse eu espetar-te um garfo, cortar-te com uma faca e comer-te, aos pedacinhos bem pequenos e saboreá-los só para me regozijar, sentir-me rainha e tu um peão que comi algures pelo meio do jogo. Vou acabar com o meu rei contra o teu, vou-te fazer xeque-mate, e mate-te quem puder que eu não consigo, e eu vou-me evaporar, e vou-me daqui com o vento, e vou em direcção à liberdade infinita.