sexta-feira, 23 de julho de 2010

Foi uma doença, apanhou-o e tirou-lhe a capacidade de sonhar. É mental, totalmente psicológica.

Outrora tão cheio de vida, virou homem vazio. Sem asas, deixou de voar. Isolado, ele permaneceu no seu mundo por tempo indefinido, a causa a nós invisível, matou-o. Na autópsia, apenas uma conclusão chegara à mente do médico legista: morreu de coração despedaçado.
Esvaiu-se em sangue, com a sua demência de quem não levou por retorno tudo o que ofereceu de si, a sua carne; a viagem pelo seu ser, recusada com tão cruéis palavras - "nem em primeira classe apanharia esse avião para ter como destino uma vida de ruínas" - disse-lhe a mulher frívola que detinha em suas mãos a vida dele.

Poderia ela tê-lo salvo?

Poder, podia. Mas quem pode, nem sempre gosta de ter poder, e poderoso é o nosso ego.

Agora, com brinquedos ela se refugia no mundo que imagina ser o dele - tem consciência pesada por ter negado a oferta daquele bilhete - nesse mundo, brinca, brinquedo feito por encomenda: tamanho real, 1,80m, com fortes traços no rosto, cabelo preto, olhos azuis e coração partido.

Enlouqueceu com a imagem do homem dos seus sonhos que em cinzas voou para ganhar asas.

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