segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011


penso e desmoralizo enquanto desvaneço e protagonizo um papel que nunca escolhi. nunca me foi imposta a condição de escolha, é assim, sempre foi, sempre será. o tempo passa e continuo interpretando o meu papel de flor que não murcha, que não tem falta de água e muito menos de ar. cresço com outras flores, uma morrem outras nascem, ciclo da vida… tu ou ficas ou pões-te a andar. andas, ando, acabo num vaso de flores bem estimado no parapeito de uma janela qualquer, 2ºandar julgo eu. dizem-me bom dia, afagam-me, dão-me água e tenho ar, tenho tudo e faltam-me raízes, um paradoxo, não sei como vives flor, não sei como vivo. trato os meus problemas com a tua fotossíntese, o sol brilha-me todos os dias e sinto-me bem, a lua põe-se todas as noites e fico mal. passa-se o tempo e tempo não me sobra, passa-se o tempo e a peça está cada vez mais perto do fim, passa-se o tempo e continuo longe de mim. então fica-te sol e trata os meus problemas, aquece-me, dá-me brilho e não deixes vir a lua, fico mal, sempre mal. quando deixar de ser flor, vou esperar continuar no parapeito da tal janela, 2º andar julgo eu, e vou continuar a ouvir “bom dia”, e vou ter água e ar e vou brilhar, ao sol. miminho.

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