segunda-feira, 11 de outubro de 2010


446 dias.

Conheceram-se e tudo mudou. Com ele, ela aprendeu que é verdade, que existem pessoas que se completam, que ainda há pessoas que valem mais que ouro, que em três dias se pode ser mais feliz que num mês. Ele ensinou-lhe coisas, sobre ele, sobre ela; ensinou-lhe que só com a maneira como falava, como mencionava tudo com um brilho nos olhos que lhe arrepiava a pele, que o fazia sentir um medo que o aquecia, algo bom, algo que nunca tinha visto, algo que nunca tinha sentido. Era incrível a maneira como as conversas surgiam naturalmente entre ambos e ficavam a falar durante horas sem se aperceberem do tempo a passar, estarem juntos sabia-lhes tão bem, podia-se dizer que faziam o encaixe perfeito. Em três dias, apenas três dias, conheciam-se como que desde sempre.

O terceiro dia. Ela nem queria acreditar no quão rápido se tinham passado aquelas 72 horas. Decidiu mostrar-lhe um pouco mais de si, pegou-lhe na mão e caminhando pela areia levou-o onde gostava de se sentar, de contemplar as ondas, e fala-lhe de como inveja tudo no mar, desde o mais ínfimo pormenor. Sobem, sentam-se - isto é perfeito, mais que alguma vez imaginei. Obrigada por tudo - disse-lhe ele. Olhos nos olhos ela repara naquele brilho que ele lhe falava, por sua vez nos olhos dele, tão profundos. Sente mil borboletas na barriga. Pela sua primeira vez avança, pela primeira vez ela toma o primeiro passo em algo e pela primeira vez eles se beijam. Foi curto, foi doce. Inesquecível o suficiente para que ainda hoje se lembre tal e qual da sensação que teve naquele exacto momento - saudade! - grita-lhe por dentro.

406 dias.

Reencontro. Destruição. Dúvida.

380 dias.

Tudo mudou. As dúvidas que por ele e ela tinham de ser esclarecidas assim o permaneceram, como dúvidas. Ela renunciou, foi fraca, tinha medo do que já tinha decidido. Coisas de idiota.

247 dias.

Ele - Olá, então, tudo bem?
Ela - Olá, está tudo e contigo?
Ele - Também, não me pareces assim tão bem.
Ela - Porque dizes isso?
Ele - Já te conheço.
Ela - Demasiado bem, vejo.

0 dias. (hoje)

Não percebe, ela não percebe como em três dias pôde ser tão feliz e num ano tão infeliz. É uma lição decerto, para a fazer aprender que as decisões têm de ser ponderadas com a cabeça, porque além de uma má decisão, vem aquém uma grande dor de cabeça. Vai além quem cuidava do seu coração.

*****

Ele – Olá! Tudo bem?
Ela – Olá, tudo bem e contigo?
Ele – Também. Quando vens cá?
Ela – Não sei, e tu? Quando vens cá? Quero estar contigo.
Ele – E eu, se soubesses as saudades. Percorrem o caminho, sentes?
Ela – Isso pergunto-te a ti, sentes as minhas?
Ele – Nem tu sabes o quanto.

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