segunda-feira, 13 de dezembro de 2010


Mataram-me. Reencarnei como animal, como o teu querido, animal.
Vagueio pela tua casa e tu olhas-me nos olhos e nem me reconheces. Ignorante. Deste-me o nome de Aci, és tão enigmático, são as três últimas letras do meu nome ao inverso, quererá isso dizer alguma coisa, que ainda pensas em mim? Talvez.
Ainda bem que não sou gato, são sete as vezes que teria de me matar para que me acabe esta tortura - tortura sim! - sinto o cheiro a esse perfume rasco a milhas de distância, oiço os orgasmos fingidos de uma a uma que levas até tua casa, escuto as conversas fúteis e banais que tens ao telefone e pensas o quê, que é fácil!? Não, é tortura. Fosse a minha mentalidade de cadela um pouco mais desenvolvida, aprendesse eu a falar, ou até a escrever, bastava-me. Mas não, limito-me a ladrar e fazer aquelas choraminguices caninas que nem ligas! Eu que não acreditava na reencarnação, foi a paga, é o karma... tem sempre de nos fazer pagar. E eu que não sei como me matar? Precisava que me matasses, mas és egoísta! Não me vês! Porque ficaste comigo? Na tua vida de universitário ocupado com álcool e fornicanços de meia hora, porque decidiste enfiar a merda duma cadela dentro do teu nojento cubículo e essa tinha de ser logo eu!? Eu que não tive a culpa de me terem morto, eu que tanto gostei de ti e que tu a mim sempre me trataste como o que agora sou, uma cadela. Puta de ironia, puta de destino. E ainda dizem que a vida é justa? E eu, que não acreditava na reencarnação... e eu, que acreditava no karma?

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010



"I go to bed in Los Angeles thinking

about you


Pissing a few minuts ago

I looked down at my penis

affectionately


Knowing it has been inside

you twice today makes me

feel beautiful."


3 A.M

January 15, 1967

domingo, 5 de dezembro de 2010


"É tão quente a raça do seu ser
Seu jeito fatal
De dar a entrever o gozo sensual
O mole prazer
Que a carne retém depois de esmorecer
E sem mais me deixa a suspirar
Na maior nudez
Que venha a rodar até ser minha vez
Os braços no ar
Que me faça vir na graça do seu picar"

Mundo Cão
Morfina

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010


Que hei-de fazer com esta minha mente que me aprisiona, que constantemente me faz questionar coisas que quero saber, mas que não tenho resposta. Mói-me e corrói-me, acredita que o faz - ácido, é pior que ácido! - queima-me as entranhas ver olhos que me deturpam os pensamentos, os sentimentos, que me faz crescer veneno - substância letal que se espalha, lentamente, muito lentamente - e do nada, mata! Não me mata a mim, mata-nos a nós. E eu? E nós? Que havemos de fazer? Que faço? Por mais filtro que o fígado seja, estraguei o meu, naquelas noites de melancolia, em que era eu e a garrafa a meu lado, a ser o que sei ser de melhor, uma chaminé. E o porquê da melancolia? Por tua culpa, consciência! Mantens-me presa, entre jaulas de cigarros com a ameaça de que me matas numa banheira de álcool, porque é esse o meu ponto fraco, porque só tu, e apenas tu sabes os meus pontos fracos.