Calmantes. Não deveria ela ter mais nada a dizer senão somente a sua incrível necessidade destes pequenos e milagrosos comprimidos para lhe reduzirem a sua ira, muito provável de uma extra carga hormonal. Quero lá eu saber - pior que uma grávida, pior que uma mulher na menopausa - deve estar. Dou por ela a perguntar-se qual a razão que a leva a gritar com tudo e com todos por tudo e por nada. Não há razão. Pessoas e coisas, irritam-na. Leu no horóscopo que este mês tinha de ter cuidado com o que diz. Terão acertado? Talvez... na mouche.
Insuportável, aquela mulher anda insuportável! Já nem passo pela mesma divisão que ela só com medo de que me mate, com os olhos! Por isso peço, calmantes! Dêem-lhe sono, não a deixem falar, por mim, até podia nem se mexer nos próximos meses, era da maneira que não comia e emagrecia, está um pouco fora de forma, mas nem nos meus sonhos mais próximos me atreveria a tocar nesse assunto, era decapitado (sim, eu tenho um pressentimento que ela ou me quer matar, ou já o anda a fazer, de alguma estranha forma mental, é amor). Eu preciso de paz, os meus cabelos já são brancos aos trinta e quatro anos e já não dão para tanta coisa, a minha vontade de me deitar ao lado dela... nem digo. Adoro acordar e olhá-la de soslaio (merda de paradoxo), mas só de soslaio... quando ela acorda, tem os mais bonitos lábios e olhos verdes, mas berra-me logo "o quê que estás a olhar!?" e aí eu penso "merda de mulher, é mesmo bonita!".
Eu não a suporto, mas no fundo, não sou nada sem ela. Ela, eu sei que quer os calmantes por mim... eu, sei que quero ela morta, viva, vegetal ou não, eu hei-de sempre querer ela.
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