antes de te partires, parti-me eu. reluzente cristal, admirava-te e desejava-te, tão ardentemente que me tornava frágil e outrora tão gélida que ninguém me ousou pegar. ansiava pelo dia que me enchesses, queria saber-te a doçura ou a acidez, poder sentir-te dentro de mim e com o passar do tempo, dos anos, conhecer o teu melhor, nada de pior... apenas o teu melhor. mas anos se passaram, fiz a minha introspecção e concluí, não por te saber, não por de te alguma maneira saborear, que eras sobejo para mim, que cristal não te basta, que eu não te basto. parti-me, partiste-te.
agora sou cacos, que não reluzem, tenho pó, e mais uma vez - assim como ninguém me encheu -ninguém me fará resplandecer. suprimiu-se-me o valor e vendeu-se-me a alma ao diabo, se é que a tive.
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